Nos insumos farmacêuticos, as impurezas elementares podem se originar de:
- Adição intencional de catalizadores na síntese do insumo farmacêutico ativo (IFA);
- Ocorrência natural como as contaminantes ambientais de IFAs e excipientes;
- Interações entre os equipamentos da rota de fabricação do produto acabado com a formulação; e
- Contato entre as embalagens primárias e o produto acabado.
Potencial toxicológico
Como as impurezas elementares não fornecem nenhum benefício terapêutico para o paciente, seus níveis no medicamento devem ser controlados dentro de limites aceitáveis e seguros.
Para saber quais limites são esses e tornar possível o controle das impurezas elementares, deve-se ter conhecimento do seu potencial toxicológico. Cada impureza deve ter o limite máximo permitido de exposição diária (PDE) bem estabelecido.
Os elementos incluídos nessa orientação foram colocados em três classes baseados na sua toxidade e na sua probabilidade de ocorrência nos medicamentos, conforme a tabela a seguir.
A probabilidade de ocorrência é derivada de vários fatores, incluindo:
- Probabilidade de uso em processos farmacêuticos;
- Probabilidade de ser uma impureza co-isolada com outras impurezas elementares em materiais utilizados em processos farmacêuticos;
- Abundância natural observada; e
- Distribuição ambiental do elemento.
Classificação toxicológica de cada impureza metálica
Classe 1
São elementos tóxicos a seres humanos. Seu uso é limitado ou raro na fabricação de produtos farmacêuticos, sua presença nos produtos medicamentosos geralmente vem contaminações adjacentes dos excipientes ou rota produtiva.
Devem ser incluídos na análise de risco do produto medicamentoso devido à sua alta toxicidade.
Classe 2
Os elementos desta classe são geralmente considerados como tóxicos a seres humanos. Os elementos da classe 2 são ainda divididos nas sub-classes 2A e 2B com base na sua probabilidade relativa de ocorrência no medicamento.
- Classe 2A: Esses elementos têm uma probabilidade relativamente alta de ocorrência no medicamento e, portanto, requerem avaliação de risco em todas as fontes potenciais de impurezas elementares e rotas de administração.
- Classe 2B: Sua probabilidade de ocorrência nos produtos medicamentosos é reduzida devido a sua baixa abundância e potencial de interação com outras matérias. Assim, podem ser excluídos da avaliação de risco, exceto quando foram adicionados intencionalmente durante o processo de fabricação do IFA ou do produto medicamentoso.
Classe 3
Apresentam toxicidades relativamente baixas pela via oral de administração (PDEs altas, geralmente> 500 μg / dia), mas podem exigir consideração na avaliação de risco para inalação e rotas parenterais.
Para rotas orais de administração, a menos que esses elementos sejam intencionalmente adicionados, não precisam ser considerados durante a avaliação de risco.
Para os produtos parenterais e inalatórios, o potencial de inclusão dessas impurezas elementares deve ser avaliado durante a avaliação do risco, a menos que a PDE específica da rota seja superior a 500 μg / dia.
Técnicas analíticas de análise elementar
As técnicas espectroanalíticas Espectrometria de Emissão Óptica por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP OES) e Espectrometria de massa por plasma acoplado indutivamente (ICP – MS) podem ser utilizadas para o controle de impurezas elementares, porém possuem consumíveis e gases empregados bastante custosos, que acabam aumentando o valor de cada analise.
Técnicas analíticas como Absorção Atômica em Chama (FAAS) e Absorção Atômica em Forno de Grafite, ou mesmo o acoplamento dessas técnicas com a Geração de Hidretos (HG), conseguem realizar as mesmas análises com um custo menor. Essas alternativas devem ser consideradas como preferenciais principalmente para análises de rotina.
Autor: Paulo Roberto Pereira de Leão, bacharel em Química Industrial e Mestre em Química Analítica pela Universidade Federal de Pelotas.
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